quarta-feira, 13 de junho de 2012

Linguagem formal e informal no ENEM


Depois de um bom jantar: feijao com carne-seca, orelha de porco e couve com angu, arroz-mole engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um prato fundo de canjica com torroes de acucar, Nho Tome saboreou o cafe forte e se estendeu na rede. A mao direita sob a cabeca, a guisa de travesseiro, o indefectivel cigarro de palha entre as pontas do indicador e do polegar, envernizados pela fumaca, de unhas encanoadas e longas, ficou-se de panca para o ar, modorrento, a olhar para as ripas do telhado.
Quem come e nao deita, a comida nao aproveita,
pensava Nho Tome... E pos-se a cochilar. A sua modorra durou pouco; Tia Policena, ao passar pela  sala, bradouassombrada:
— Eeh! Sinho! Vai drumi agora? Nao! Num
presta... Da pisadera e pode morre de ataque de cabeca!
Despois do armoco num far-ma... mais despois da janta?!”
Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo:     Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.

1. Nesse trecho, extraido de texto publicado originalmente em 1921, o narrador:
 A.  apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes da época, descrevendo os pratos servidos no jantar e a  atitude de Nho Tome e de Tia Policena.
B.  desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora a narrativa usos próprios da linguagem regional das personagens.
C.  condena os hábitos descritos, dando voz a Tia Policena, que tenta impedir Nho Tomé de deitar-se após as refeições.
D. utiliza a diversidade sociocultural e linguistica para demonstrar seu desrespeito as populações das zonas  rurais do inicio do seculo XX.
E manifesta preconceito em relação a Tia Policena ao   transcrever a fala dela com os erros próprios da região.

Texto para as questões 2 e 3

                      AULA DE PORTUGUÊS
1 A linguagem
na ponta da lingua
tao facil de falar
4 e de entender.
A linguagem
na superficie estrelada de letras,
7 sabe la o que quer dizer?
Professor Carlos Gois, ele e quem sabe,
e vai desmatando
10 o amazonas de minha ignorancia.
Figuras de gramatica, esquipaticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
13 Ja esqueci a lingua em que comia,
em que pedia para ir la fora,
em que levava e dava pontape,
16 a lingua, breve lingua entrecortada
do namoro com a priminha.
O portugues sao dois; o outro, misterio.

Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para     lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.
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2.Explorando a funcao emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variacao de usos da linguagem em
situações formais e informais.
B diferentes regiões do pais.
C escolas literárias distintas.
D textos técnicos e poéticos.
E diferentes épocas.
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3. No poema, a referência a variedade padrao da lingua esta expressa no seguinte trecho:
A “A linguagem / na ponta da língua” (v.1 e 2).
B “A linguagem / na superficie estrelada de letras” (v.5 e 6).
C “[a lingua] em que pedia para ir la fora” (v.14).
D “[a lingua] em que levava e dava pontape” (v.15).
E “[a lingua] do namoro com a priminha” (v.17).
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4.No poema Procura da poesia, Carlos Drummond de Andrade expressa a concepcao estetica de se fazer com palavras o que o escultor Michelangelo fazia com marmore. O fragmento abaixo exemplifica essa afirmação.
(...)
Penetra surdamente no reino das palavras.
La estao os poemas que esperam ser escritos.
(...)
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
trouxeste a chave?
Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo.    Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 13-14.
Esse fragmento poético ilustra o seguinte tema   constante entre autores modernistas:
A a nostalgia do passado colonialista revisitado.
B a preocupacao com o engajamento politico e social da literatura.
C o trabalho quase artesanal com as palavras,   despertando sentidos novos.
D a producao de sentidos hermeticos na busca da   perfeicao poetica.
E a contemplacao da natureza brasileira na perspectiva ufanista da patria.
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5. No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o  vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrao para receber o salario. Eis parte da cena:
Nao se conformou: devia haver engano. (...) Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos.
Passar a vida inteira assim no toco, entregando o  que era dele de mao beijada! Estava direito aquilo?
Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de  alforria?
O patrao zangou-se, repeliu a insolencia,  achou bom que o vaqueiro fosse procurar servico   noutra fazenda.
Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou.
Bem, bem. Nao era preciso barulho nao.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91.ª ed.   Rio de Janeiro: Record, 2003.

No fragmento transcrito, o padrao formal da linguagem  convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no vocabulario. Pertence a variedade do padrao formal da linguagem o seguinte trecho:
A “Nao se conformou: devia haver engano” (.1).
B “e Fabiano perdeu os estribos” (.3).
C “Passar a vida inteira assim no toco” (.4).
D “entregando o que era dele de mao beijada!” (.4-5).
E “Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou” (.11).

6. O poema abaixo pertence à poesia concreta brasileira. O termo latino de seu título significa “epitalâmio”, poema ou canto em  homenagem aos que se casam.

EPITHALAMIUM – II
he = ele S = serpens
& = e h = homo
She = ela e = eva
(Pedro Xisto)
 
Considerando que símbolos e sinais são utilizados geralmente para demonstrações objetivas, ao serem incorporados no poema
“Epithalamium - II”,
(A) adquirem novo potencial de significação.
(B) eliminam a subjetividade do poema.
(C) opõem-se ao tema principal do poema.
(D) invertem seu sentido original.
(E) tornam-se confusos e equivocados

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