sábado, 22 de novembro de 2014

Simulado SPAECE II

Leia o texto para responder às questões de 1 a 5.

 A CASA DAS ILUSÕES PERDIDAS

    Quando ela anunciou que estava grávida, a primeira reação dele foi de desagrado, logo seguida de franca irritação. Que coisa, disse, você não podia tomar cuidado, engravidar logo agora que estou desempregado, numa pior, você não tem cabeça mesmo, não sei o que vi em você, já deveria ter trocado de mulher havia muito tempo. Ela, naturalmente, chorou, chorou muito. Disse que ele tinha razão, que aquilo fora uma irresponsabilidade, mas mesmo assim queria ter o filho. Sempre sonhara com isso, com a maternidade - e agora que o sonho estava prestes a se realizar, não deixaria que ele se desfizesse.
    - Por favor, suplicou. - Eu faço tudo que você quiser, eu dou um jeito de arranjar trabalho, eu sustento o nenê, mas, por favor, me deixe ser mãe.
    Ele disse que ia pensar. Ao fim de três dias daria a resposta. E sumiu.
    Voltou, não ao cabo de três dias, mas de três meses. Àquela altura ela já estava com uma barriga avantajada que tornava impossível o aborto; ao vê-lo, esqueceu a desconsideração, esqueceu tudo - estava certa de que ele vinha com a mensagem que tanto esperava, você pode ter o nenê, eu ajudo você a criá-lo.
    Estava errada. Ele vinha, sim, dizer-lhe que podia dar à luz a criança; mas não para ficar com ela. Já tinha feito o negócio: trocariam o recém-nascido por uma casa. A casa que não tinham e que agora seria o lar deles, o lar onde - agora ele prometia - ficariam para sempre.
    Ela ficou desesperada. De novo caiu em prantos, de novo implorou. Ele se mostrou irredutível. E ela, como sempre, cedeu.
    Entregue a criança, foram visitar a casa. Era uma modesta construção num bairro popular. Mas era o lar prometido e ela ficou extasiada. Ali mesmo, contudo, fez uma declaração:
    - Nós vamos encher esta casa de crianças. Quatro ou cinco, no mínimo.
    Ele não disse nada, mas ficou pensando. Quatro ou cinco casas, aquilo era um bom começo.  
(A Casa das Ilusões Perdidas, Moacyr Scliar)

 D1. Localizar informações explícitas em um texto.

01. (UNIFESP- adaptada) As duas frases finais do texto deixam evidente que ter mais filhos

A) é uma possibilidade pouco atraente para o casal que, por hora, já conquistou algo à custa de sofrimento.
B) será para o casal uma forma de alcançar a felicidade, já que a mulher e seu companheiro poderão ter a casa cheia de crianças.
C) pode tornar-se lucrativo na ótica do companheiro, embora a mulher ainda veja isso com olhos sonhadores.
D) se torna uma forma de compensar o episódio pouco feliz da doação do primeiro filho do casal.

 D4 Inferir uma informação implícita em um texto.

02. (UNIFESP- adaptada)) O casal age de modo contrário aos sentimentos comuns de justiça e dignidade. No contexto da narrativa, tais comportamentos explicam-se

A) pela falta de amor que há entre a mulher e o companheiro, fazendo com que tudo que os rodeia se torne um negócio vantajoso.
B) pelo amor exagerado que a mulher sente e pela confusão de sentimentos que o companheiro vive na descoberta desse amor.
C) pelo ódio exagerado que a mulher sente do companheiro e pela forma displicente e pouco amável como ele a vê.
D) pela submissão exagerada da mulher ao companheiro e pela forma mesquinha e interesseira como ele resolve as coisas.

03. (UNIFESP- adaptada) No texto, a ideia de ilusões perdidas diz respeito à

A) realização da maternidade que, na verdade, não atinge a sua plenitude.
B) desolação da jovem mãe ao ver que a casa recebida não era luxuosa como concebera.
C) alegria da mãe com a casa e à superação da tristeza pela doação da criança.
D) melancolia da mãe por programar todas as crianças que teria para trocar por casas.

Reconhecer o gênero textual.

04. O texto pertence ao gênero:

A) notícia
B) crônica
C) poema
D) conto

D26 – Reconhecer o sentido das relações logico-discursivas marcados por conjunções, advérbios etc.

05. Em “ Quando ela anunciou que estava grávida”[...], a  palavra grifada na frase estabelece relação de:
A) causa
B) tempo
C)oposição
D) adição

Texto para as questões de 6 a 9.

Antigamente
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila-diogo. Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animátografo, e mais tarde ao cinemátografo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua. (...) Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988 


06. De acordo com esse texto, antigamente

A. as pessoas viviam apressadamente
B. as moças não eram prendadas.
C. os jovens não tinham diversão.
D. as pessoas tinham hábitos diferentes dos de hoje.


O7. As palavras utilizadas para compor o texto ajudam a traduzir a ideia de que.

A)   a língua não se modifica com o passar do tempo.
     B)   a língua é estática e reflete a realidade das pessoas da cidade.
     C)   as palavras são as mesmas ao longo dos tempos.
     D)  a língua é dinâmica e se modifica com o passar do tempo.

 D17 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de pontuação e de outras notações.

08. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. A  expressão grifada na frase pode ser substituída por:

     A)  desistir e procurar outra moça.
     B)  procurar outra moça  e paquerar.
     C) paquerar e esconder-se.
     D)  desistir e esconder-se.

D19 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.

09. Para reescrever esse texto com palavras da atualidade, o autor utilizaria uma relação de:
A) sinonímia
B) antonímia.
C) polissemia.
D) homonímia

 D20 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratem do mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e daquelas em que será recebido.

 Leia os dois textos.


                  [...]
“Stamos em pleno mar
Era um sonho dantesco... o tombadilho, 
Que das luzernas avermelha o brilho, 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães: 
Outras, moças... mas nuas, espantadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs.”
[...] Castro Alves

10. Em relação ao tema tratado nos textos 

A) os textos foram produzidos no século XXI para denunciar o tráfico de pessoas.
B) o cartaz trata do tráfico de negros.
C) o texto 2 trata do tráfico de pessoas de diversas parte do mundo.
D) os textos foram produzidos em períodos diferentes, mas mantêm um objetivo comum: destacar a crueldade do tráfico de pessoas.

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C
D
B
B
C
D
D
A
A
D




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